Com 1.913 novos casos diagnosticados até o último dia 30 de outubro de 2014, a hanseníase – uma das doenças de pele mais antigas da história da humanidade – volta a preocupar a população baiana. Os casos são distribuídos de forma heterogênea, e as regiões norte, oeste e extremo sul do Estado são as que mais apresentam elevadas taxas. Outro fator preocupante é a identificação de casos em menores de 15 anos, o que tem relação com doença recente e focos de transmissão ativos. Nesse caso, o acompanhamento epidemiológico é relevante para o controle da doença.
De acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), em 2013 foram diagnosticados 2.227 casos novos; destes, 162 ocorreram na população de 0 a 14 anos. No período entre 2004 a 2013, constatou-se uma redução de 45,67% na detecção geral e 44,87% na detecção na população de 0 a 14 anos. Os 1.913 casos novos registrados em outubro têm detonado um coeficiente de 12,65/100.000 hab., configurando “alta endemicidade” segundo os parâmetros oficiais.
DOENÇA INFECCIOSA
A Hanseníase é uma doença infecciosa que atinge a pele e os nervos dos braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é longo. Pode variar de 2 a até mais de 10 anos. A hanseníase pode causar deformidades físicas, que podem ser evitadas com o diagnóstico no início da doença e o tratamento imediato.
O último domingo de janeiro é considerado pelo Ministério da Saúde (MS) o Dia Nacional de Combate à Hanseníase.
SINAIS E SINTOMAS:
- Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo com perda ou alteração de sensibilidade.
- Área de pele seca e com falta de suor.
- Área da pele com queda de pêlos, especialmente nas sobrancelhas.
- Área da pele com perda ou ausência de sensibilidade.
- Sensação de formigamento (Parestesias) ou diminuição da sensibilidade ao calor, à dor e ao tato. A pessoa se queima ou machuca sem perceber.
- Dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas, inchaço de mãos e pés.
- Diminuição da força dos músculos das mãos, pés e face devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos.
- Úlceras de pernas e pés.
- Nódulo (caroços) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.
- Febre, edemas e dor nas juntas.
- Entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz.
- Ressecamento nos olhos.
- Mal estar geral, emagrecimento.
Locais com maior predisposição para o surgimento das manchas: mãos, pés, face, costas, nádegas e pernas. Em alguns casos, a hanseníase pode ocorrer sem manchas.
Transmissão – A transmissão se dá por meio de uma pessoa doente que apresenta a forma infectante da doença (multibacilar – MB) e que, estando sem tratamento, elimina o bacilo por meio das vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros), podendo assim infectar outras pessoas suscetíveis.
O bacilo de Hansen tem capacidade de infectar grande número de pessoas, mas poucas pessoas adoecem, porque a maioria apresenta capacidade de defesa do organismo contra o bacilo.
HANSENÍASE NÃO TRANSMITE POR:
- Meio de copos, pratos, talheres, portanto não há necessidade de separar utensílios domésticos da pessoa com hanseníase.
- Assentos, como cadeiras, bancos.
- Apertos de mão, abraço, beijo e contatos rápidos em transporte coletivos ou serviços de saúde.
- Picada de inseto.
- Relação sexual.
- Aleitamento materno.
- Doação de sangue.
- Herança genética ou congênita (gravidez).
Importante! – Assim que a pessoa começa o tratamento deixa de transmitir a doença. A pessoa com hanseníase não precisa ser afastada do trabalho, nem do convívio familiar.
Período de incubação – Em média de 2 a 5 anos.
Período de transmissibilidade – Enquanto a pessoa não for tratada.
Diagnóstico – O diagnóstico da hanseníase é basicamente clínico, baseado nos sinais e sintomas detectados no exame de toda a pele, olhos, palpação dos nervos, avaliação da sensibilidade superficial e da força muscular dos membros superiores e inferiores. Em raros casos será necessário solicitar exames complementares para confirmação diagnóstica.
Tratamento – O tratamento é ambulatorial, com doses mensais supervisionadas administradas na unidade de saúde e doses auto-administradas no domicílio.
Os medicamentos utilizados consistem na associação de antibióticos, denominados poliquimioterapia (PQT), que são adotados conforme a classificação operacional, sendo:
- Paucibacilares: rifampicina, dapsona – 6 doses em até 9 meses;
- Multibacilares: rifampicina, dapsona e clofazimina – 12 doses em até 18 meses.
Prevenção – Apesar de não haver uma forma de prevenção especifica, existem medidas que podem evitar as incapacidades e as formas multibacilares, tais como:
- Diagnóstico precoce.
- Exame dos contatos intradomiciliares (pessoas que residem ou residiram nos últimos cinco anos com o paciente).
- Aplicação da BCG (ver vacinação).
- Uso de técnicas de prevenção de incapacidades.
Controle – O controle da hanseníase é baseado no diagnóstico precoce de casos, seu tratamento e cura, visando eliminar fontes de infecção e evitar seqüelas. A detecção de casos novos de hanseníase em menores de 15 anos foi adotada como principal indicador de monitoramento da endemia, com meta de redução estabelecida em 10%, até 2011 e está inserida no Programa Mais Saúde: Direitos de Todos (2008-2011) / Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O Programa Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH) estabeleceu diretrizes operacionais para a execução de diferentes ações, articuladas e integradas, que pudessem em todas as frentes de trabalho propiciar às pessoas que adoecem sejam atendidas nas suas necessidades e direitos. Sem perder de vista o desafio da horizontalização e da descentralização, organizou-se as ações do PNCH, a partir de cinco componentes/áreas: vigilância epidemiológica; gestão; atenção integral; comunicação e educação e pesquisa.
Não serão publicados comentários com xingamentos e ofensas ou que incitem a intolerância ou o crime. Os comentários devem ser sobre o tema da matéria e sobre os comentários que surgirem. As mensagens que não atendam a essas normas serão deletadas. Os que transgredirem essas normas poderão ter interrompido seu acesso a este veículo.