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O Ensino e a desagregação da família

joao martins editorDesconheço qualquer estatística nesse sentido, mas seguramente quem mais desagrega as famílias deste país, de qualquer rincão, é o Ensino profissionalizante, notadamente na fase da migração do jovem estudante do ensino médio para o ensino superior, quando nem bem adulto nem adolescente o é, e tem que se desgarrar de seus familiares para disputar uma vaga numa universidade longe da sua base social e do convívio familiar, na maioria absoluta das vezes.

Essa desagregação não se dá unicamente pelo fato dos grandes centros universitários estarem nas metrópoles ou nas principais capitais do país, mas principalmente por falta de uma política que garanta igualdade de oportunidades aos cidadãos nas suas respectivas bases de convivência. Esse vestibular unificado que se criou recentemente é outro desmando que só contribui para a separação dos filhos dos seus pais. Enquanto um jovem é obrigado a migrar-se para um desconhecido lugar do país, outro vem do longe preencher o vazio que deixou.

Essa desagregação não acontece apenas do ponto de vista do laço familiar, mas também pelo desmoronamento econômico que essas famílias passam a sofrer. Diferente da família que mora numa capital, que comumente tem um bom emprego estável ou é empresário, o cidadão sertanejo não tem uma renda fixa compatível com os altos custos para manter o filho numa boa faculdade.

Essa história de que o Governo hoje propicia financiamento estudantil a todos, é meia verdade. Quem já passou por isso sabe o quão burocrático e difícil é conseguir tal financiamento, principalmente porque poucos conseguem um fiador do perfil exigido pelo órgão financiador. E não é só: os custos para se manter numa faculdade fora do seu município não é só da mensalidade escolar, certamente se consome o dobro ou mais com aluguel, alimentação, transportes e muitos outros.

Não conseguimos em nenhuma instituição pública ou privada nem em entidade de classe qualquer estatística que aponte para essa questão, que atinge drasticamente a maioria das famílias brasileiras, principalmente as que vivem no interior deste imenso e desigual país. Nestas bandas do sertão baiano, onde vivemos e convivemos, nos defrontamos com centenas de famílias, muitas antes alicerçadas economicamente, mas que esvaziaram suas reservas, venderam suas lojas, sítios, imóveis, seus gadinhos e até se esquivaram de certos convívios sociais para honrar os estudos dos filhos. E o mais triste é que muitos desses filhos não voltaram, porque tiveram que adotar outros lares e costumes por conta dos longos anos longe do seu berço.

Quando vejo nascer e se estruturar unidades universitárias numa cidade como Guanambi, a exemplo da Faculdade Guanambi, Uneb, IF Bahiano e outras, volto ao meu passado nos anos de 1960/ 1970, e compreendo que esse é o começo do desenvolvimento, da igualdade de oportunidade que há 500 anos os baianos de cá esperam. Há certamente ainda muitos entraves políticos para que estejamos em pé de igualdade com os grandes centros urbanos, onde há oportunidades de emprego e distribuição de renda, mas já começamos.

A recente autorização para um curso de Medicina na FG é uma ponte que abre caminho para que os filhos de hoje não tenham que fugir a rumo desconhecido em busca dos sonhos de serem doutores.

Um comentário

  1. O Ensino e a desagregação da família????

    Este título é uma estupidez sem precedentes. Não há nenhuma base legal para esta afirmativa.
    O filho que se afasta da familia para o ensino superior, já está terminando a adolescencia e portanto já tem uma pesonalidade formada. Esta “saída da barra da saia da mâe” só traz benefícios para a sua formação e transformação. Se houver algum desvio de carater e/ou personalidade a falha já aconteceu antes.
    Também o cusro de Medicna não forma Doutores, forma Médicos.

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