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Outubro Rosa: terapia hormonal prolongada aumenta risco de câncer de mama

Estudo desenvolvido por órgão internacional aponta que chances de desenvolver tumor mamário em mulheres que fazem reposição para combater sintomas da menopausa é ainda maior do que se pensava. (Foto: reprodução/Ministério da Saúde).

Estudo desenvolvido por órgão internacional aponta que chances de desenvolver tumor mamário em mulheres que fazem reposição para combater sintomas da menopausa é ainda maior do que se pensava. (Foto: reprodução/Ministério da Saúde).

A terapia hormonal é uma das principais indicações para atenuar os sintomas da menopausa em mulheres de meia-idade, sobretudo as conhecidas ondas de calor. Nos últimos anos, a associação do tratamento ao risco aumentado de desenvolver câncer de mama gerou dúvidas sobre qual seria o melhor medicamento a ser adotado e o tempo indicado de uso. Mas um recente estudo desenvolvido pelo Collaborative Group on Hormonal Factors in Breast Cancer, que inclui cientistas da Oxford University, apontou que todos os tipos de reposição são arriscados quando feitos por mais de um ano – e o risco cresce com o uso prolongado.

De acordo com a pesquisa, dentre as mulheres que nunca recorreram à terapia hormonal de qualquer tipo, 6,3% desenvolveram câncer de mama entre as idades de 50 e 69 anos, em comparação a 8,3% das que se submetem a uma terapia combinada de estrogênio e progestágeno por cinco anos, diariamente.

O aumento absoluto do risco, de dois pontos percentuais, é o equivalente a mais um caso de câncer para cada 50 mulheres que recorrem ao tratamento. Os autores analisaram os dados de quase 110.000 mulheres com câncer de mama invasivo após a menopausa, diagnosticadas com idade média de 65 anos. E descobriram ainda que, em alguns casos, os riscos persistem por mais de dez anos mesmo após a interrupção do tratamento – informação que não era consenso antes entre os médicos.

A médica Pilar Estevez Diz, oncologista especializada em câncer de mama e ginecológico da Clínica Onco Star e coordenadora do Ambulatório de Oncologia Clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), destaca que o amplo estudo avaliou diversas inconsistências de outras pesquisas realizadas anteriormente e, assim, relacionou o risco aumentado de câncer de mama em todos os tipos de terapia hormonal utilizados por períodos maiores que um ano. “No caso de mulheres que fizeram a reposição por um período de tempo menor que um ano, não foram observados riscos aumentados. É uma informação importante para a tomada de decisão da paciente e do médico sobre os benefícios ou não de se recorrer a um remédio para controlar os sintomas da menopausa”, explica a doutora Pilar.

A médica oncologista destaca que essa decisão deve ser avaliada caso a caso, mas explica que existem alternativas para controlar os incômodos, como a prática de exercícios físicos regulares e a manutenção do peso corporal. “Essas mudanças de hábitos também são efetivas para a diminuição dos sintomas em algumas mulheres. Cabe a elas conhecer os riscos e avaliar bem como vão lidar com esse período, juntamente com seu médico.”

No Brasil, há uma tendência de queda no número de mulheres que utilizam a terapia hormonal com medicamentos. Um estudo desenvolvido pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e divulgado em 2018 apontou que somente 19,5% das mulheres utilizam ou já utilizaram a terapia hormonal (TH), em comparação com 37% em 2003. Embora o levantamento corresponda apenas à Região Metropolitana de Campinas, essa tendência à queda é atribuída à divulgação, em 2002, do primeiro estudo que relacionou o aumento do risco de câncer de mama à terapia hormonal.

E agora, o estudo do Collaborative Group reforça esse alerta de que o câncer de mama está diretamente ligado à quantidade de hormônios no corpo – em especial o estrogênio, o mais utilizado nos tratamentos de terapia hormonal.

Maria Del Pilar Estevez Diz

Oncologista clínica especializada em câncer de mama e câncer ginecológico. Médica associada da Onco Star, membro titular da Oncologia D’Or, médica do corpo clínico do Hospital São Luiz Itaim da Rede D’Or, coordenadora do Ambulatório de Oncologia Clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.

Por: Renan Fonseca | Asses. Imprensa Arebo

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