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Projeto de irrigação do Vale do Iuiú/BA espera há 40 anos a sua implantação

Visita ao presidente

Uma nova mobilização está sendo feita em prol do projeto que agora espera o apoio do presidente. A reunião com Bolsonaro aconteceu dia 12 em Brasília. Foto: divulgação PMG.

Por: João Martins

O Projeto de irrigação do Vale do Iuiú volta à discussão despois de 40 anos de sua primeira reinvindicação. À frente dessa peleja está, como sempre, o prefeito de Guanambi Nilo Coelho e o deputado federal Arthur Maia, que juntos buscam na esfera federal, em Brasília, o apoio necessário à concretização de tão sonhado projeto.

Para discutir a viabilidade do projeto, Arthur Maia e Nilo Coelho foram recebidos, no último dia 12/7, em Brasília, pelo presidente da República, Jair Bolsonaro e pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Tereza Cristina. Na pauta, tratar da retomada do Projeto de irrigação no Vale do Iuiú, cujo sonho tem consumido as comunidades do sudoeste baiano desde a década de 1980, tempos de riquezas abundantes geradas pela cotonicultura.

Conhecido nacionalmente, o Vale do Iuiú já foi um dos maiores produtores de algodão do Brasil, chegando a cultivar mais de 250 mil hectares, tem grande potencial devido à qualidade do solo, clima favorável, captação de água do rio São Francisco e topografia plana, além de malha rodoviária satisfatória para o escoamento da produção.

O prefeito Nilo Coelho fez ver ao presidente a importância do Vale do Iuiú e a grande contribuição que esse projeto irrigado traria para o desenvolvimento da região. “O Vale do Iuiú pode gerar até 50 mil empregos diretos e trazer novos investimentos para a região porque tem água em abundância e as melhores terras do Brasil”, defendeu na oportunidade Nelson Gomes, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Guanambi, também presente na reunião.

Há otimismo quanto à viabilidade

Otimista com essa aproximação, o deputado Arthur Maia, disse que o presidente Bolsonaro recebeu o projeto com muito entusiasmo e prontamente os orientou a procurar o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, para tratar dos estudos de viabilidade do projeto. Segundo ele, a ministra Tereza Cristina também se mostrou otimista e se comprometeu a ajudar na parceria com o colega Rogério Marinho.

O que se espera agora é que desta feita seja levada avante tão cobiçado projeto, o que daria novo e importante impulso à economia regional e ao Estado.

Reivindicação começou na década de 1980

Em janeiro de 1999, milhares de produtores rurais se mobilizaram na BR 030, no entroncamento do Iuiú, para reivindicar a irrigação do Projeto Iuiú. Foto: João Martins / arquivo Ver. Integração.

Em janeiro de 1999, milhares de produtores rurais se mobilizaram na BR 030, no entroncamento do Iuiú, para reivindicar a irrigação do Projeto Iuiú. Foto: João Martins / arquivo Ver. Integração.

Há mais de 40 anos as comunidades de mais de 30 municípios da região da Serra Geral, reivindicam dos governos federal e da Bahia a implantação do projeto de irrigação Vale do Iuiú, situado no sudoeste do estado da Bahia, na região do Médio São Francisco, próximo à confluência do rio Verde Grande – que serve de divisa entre Minas Gerais e Bahia, na área de abrangência da 2ª Superintendência Regional da Codevasf em Bom Jesus da Lapa, abrange terras dos municípios de Iuiú e Malhada, além de uma pequena parcela em Sebastião Laranjeiras.

O sonho de irrigar as terras da vazante do Vale do Iuiú, à margem direita do rio São Francisco, no Sudoeste da Bahia, tem fluído nas discussões políticas e sociais entre os habitantes desta região desde a década de 1980. Não dá para contar as reuniões e audiências objetivando tal projeto. Todas as propostas levavam à viabilidade do sonhado projeto como o mais promissor caminho ao desenvolvimento social e fortalecimento da economia regional.

Esse ideal de prosperidade tomou vulto nos governos de Fernando Henrique Cardoso (1994-2003) e viu-se ascender à chance de sair da prancheta quando a região vivia sua fase amarga da cotonicultura, até então sua maior riqueza agrícola. Era o ciclo do “Ouro Branco” que findava destroçado pela praga do inseto “bicudo”.

Vivia-se o ano de 2000. Na Câmara Federal o deputado Nilo Coelho lutava pelo Projeto Iuiú e destinou Emenda Parlamentar de sua cota para tal. Ao seu lado, outros parlamentares e lideranças políticas se juntavam à causa, como o senador Paulo Souto e o ex-deputado e ex-ministro Prisco Viana.

Naquele ano o deputado Nilo Coelho conseguiu incluir no Orçamento da União (OU) para o ano 2000 a liberação de recursos para o desenvolvimento do projeto de irrigação de 9 mil hectares. Afirmava, então, o deputado: “a partir do próximo ano, o projeto de irrigação do Vale do Iuiú, que se arrasta há mais de 20 anos, deverá se tomar realidade.”.

Ciclo de debate em Guanambi

Guanambi Câmara Municipal de Vereadores de Guanambi, em março de 2000, tomou a iniciativa de levar a discussão o Projeto Iuiú, e promoveu o “I Ciclo de Debates 2000” (24 e 25 de março de 2000), tendo à frente o vereador Elder Guimarães, então presidente da União dos Vereadores de Guanambi e Região (Uvermig). O então secretário de Agricultura do município, Luís Carlos Fernandes, convidado ao evento, fez uma longa explanação sobre o desenvolvimento da economia regional, destacando a prosperidade da região com o plantio da mamona, na década de 60, e depois com o algodão, até o final dos anos 80, quando a lavoura entrou em decadência; e fez a seguinte análise: “a economia da região pede socorro, e a única saída é mesmo a irrigação do Vale do Iuiú”.

Nilo Coelho, na condição de principal articulador do projeto junto à esfera federal, afirmara que a partir do próximo ano o projeto de irrigação do Vale do Iuiú deveria tomar realidade. Ele anunciou que havia conseguido incluir no Orçamento da União para o ano 2000 os recursos para o desenvolvimento do projeto de irrigação de apenas 9 mil hectares. E dizia mais o deputado: “é hora do governo olhar para a região, possibilitando a concretização do projeto de irrigação do Vale do Iuiú. Mas, para tanto, disse, é necessário o fortalecimento político. O mais importante nesse momento é começar essa primeira etapa dos 9 mil hectares (o projeto que se discutia no momento era de 30 mil hectares)”.

Na vazante do rio São Francisco os municípios de Malhada e Iuiú oferecem suas terras à irrigação. Cheias de 2007. Foto: João Martins / Arq. Rev. Integração

Na vazante do rio São Francisco os municípios de Malhada e Iuiú oferecem suas terras irrigadas. Cheias de 2007. Foto: João Martins / Arq. Rev. Integração.

Projeto sofria redução a cada discussão

O secretário Luís Carlos Fernandes fez na ocasião um histórico do que seria o projeto original, que previa irrigar 170 mil hectares nesta região, passando depois para 140 e, 10 anos mais tarde reduzido para 70 mil, em duas etapas: Iuiú Sul e Iuiú Norte. Foi então que, na esperança de ver o projeto sair do papel, Nilo Coelho entrou com sua emenda para garantir recurso e, assim, licitar a obra em 2001 e dar início à irrigação, um sonho de mais de 20 anos.

Conclusão prevista no governo FHC

No calor das discussões sobre o Projeto Iuiú, esta Revista entrevistou o senador e ex-governador baiano, Paulo Souto (ano 2000), que prometia lutar no Senado Federal para que o Projeto de Irrigação do Vale do Iuiú fosse viabilizado ainda no Governo Fernando Henrique Cardoso (FGC). E argumentava ele: “não só o Projeto Iuiú, como também os Projetos do Baixio de Irecê e do Rio Salitre são da maior importância para o Brasil. Esses projetos significam para a Bahia o mesmo que o Polo Petroquímico significou 15 anos atrás”.

O Projeto Iuiú, que abrange terras dos municípios de Malhada, Iuiú e Sebastião Laranjeiras, à margem direita do São Francisco – argumentava o Senador – está projetado para ocupar uma área de 50 mil hectares. Trata-se da maior reivindicação dos produtores rurais desta região, que desde a década de 80, têm se mobilizado para a sua concretização. Muitos movimentos já foram deflagrados e documentos reivindicatórios foram encaminhados à Codevasf e às esferas governamentais solicitando prioridade a esse projeto. Entretanto, tais documentos continuam rolando em Brasília desde o governo Sarney, apenas no plano de intenções.

A irrigação do Vale do Iuiú visava, já naquela época, a geração de cerca de 50 mil empregos diretos e outros 300 mil indiretos. Isso representava mais que toda a mão-de-obra empregada na maior indústria automobilística brasileira, por um custo infinitamente menor. O investimento para a implantação de todo o Projeto estava orçado pela Codevasf em torno de R$ 370 milhões.

projeto iuiu 2Estudos de Viabilidade concluídos em 2019

Há exatos dois anos (11/07/2019), a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) anunciou a conclusão dos Estudos de Viabilidade Técnica para implantação do projeto de irrigação do Vale do Iuiú.

A expectativa era de que o projeto quando entrasse em operação pudesse gerar 12 mil empregos diretos. Cerca de R$ 6 milhões foram investidos pela Companhia apenas nesse estudo, e cuja área total seria de 41,5 mil hectares, sendo 25,5 ha de área irrigável de alta fertilidade.

Naquele ano a Codevasf anunciou que os recursos para a elaboração do projeto básico e estudos ambientais da Etapa 01 do projeto – da ordem de R$ 5 milhões – já estavam empenhados, e que eram previstos cerca de 1.859 lotes agrícolas para irrigação, em três etapas: sendo 1.231 para pequenos produtores (6 ha), 628 para empresários (20 a 50 ha) e 160 dos assentamentos do Incra (20 ha).

 

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