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Baterias Elétricas: Bahia pode ser polo de fabricação de insumos para a eletromobilidade

Estudos realizados pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) estimaram um depósito de níquel na região de Itagibá, no Sul do estado, com recursos em torno de 40 milhões de toneladas de minério. Foto: Nelson Oliveira / Agência Senado.

Estudos realizados pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) estimaram um depósito de níquel na região de Itagibá, no Sul do estado, com recursos em torno de 40 milhões de toneladas de minério. Foto: Nelson Oliveira / Agência Senado.

O mercado internacional acolheu em definitivo o veículo sustentável. Nesse contexto, a mineração baiana tem uma contribuição significativa e um destino de produção bem específico: a indústria de baterias elétricas. Embora o Brasil ainda esteja a passos lentos no que diz respeito à eletromobilidade, o comércio de veículos elétricos cresceu 78%, no primeiro quadrimestre de 2022, em comparação com o mesmo período do ano passado. O percentual foi divulgado pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), que destacou o contraste entre o crescimento dos eletrificados e a queda dos convencionais. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (FENABRE), houve uma variação negativa de 23% em relação aos quatro primeiros meses de 2021 – o pior desempenho no período desde 2002.

O relatório da Internacional Energy Agency (IEA – Agência Internacional de Energia) estima que, atualmente, 16 milhões de carros elétricos circulam, em todo mundo, com um consumo de eletricidade anual de aproximadamente 30 terawatt-hora (TWh), quantidade equivalente a toda energia produzida na Irlanda. O documento apontou que, em 2021, foram vendidos 6,6 milhões de eletrificados, mais que o dobro do ano anterior, quando foram comercializados 3 milhões. A liderança das vendas pertence à China, que comprou mais da metade do produto disponível no mercado, em 2021.

Matéria-prima baiana

Devido à produção de insumos minerais utilizados na fabricação de baterias para veículos elétricos, é possível dizer que a Bahia se insere nesse processo, que culmina no crescimento da eletromobilidade e o níquel é uma dessas substâncias. Estudos realizados pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), no período entre 1989 e 2000, estimaram um depósito de níquel na região de Itagibá, no Sul do estado, com recursos em torno de 40 milhões de toneladas de minério.

Graças à descoberta da CBPM, a Mirabela e, atualmente, a Atlantic Nickel fizeram da Bahia o maior produtor desse mineral no Brasil. A mineradora opera através de um contrato de pesquisa complementar e arrendamento firmado com a empresa pública baiana.

De acordo com informações divulgadas pela Atlantic Nickel, somente em abril, uma carga de mais de 10 mil toneladas saiu do Porto de Ilhéus, em direção à Finlândia, na Europa. Esse foi o terceiro embarque de exportação do produto este ano. Em 2021, a empresa obteve registros recordes na área operacional e no desempenho financeiro, quando exportou mais de 110 mil toneladas de níquel sulfetado, em 11 embarques no total.

Tais resultados legitimam as iniciativas realizadas nos últimos anos para desenvolver a atividade, principalmente no que se refere à pesquisa. De acordo com dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), a Bahia foi o estado brasileiro que mais investiu em estudo mineral nos anos de 2019 e 2020, com a aplicação de recursos públicos e privados. Inclusive, descobertas recentes da CBPM devem aumentar a produção de níquel no estado. Em 2021, dentre as sete licitações realizadas pela companhia, está a de Campo Alegre de Lourdes, no Norte do estado, que também tem potencial para cobre e cobalto. Nesse caso, a empresa vencedora foi a Bahia Nickel, que está na fase de desenvolvimento de trabalhos de pesquisa complementar.

Para o diretor técnico da CBPM, Rafael Avena, a pesquisa é imprescindível para a descoberta de novos depósitos. “A CBPM, como empresa de desenvolvimento mineral vem desenvolvendo pesquisas minerais em todo o território baiano e, entre elas, estamos dando muita atenção aos minerais chamados de “Minerais do Futuro”, como o lítio, terras raras, grafita, fosfato, entre outros”, diz o diretor.

Outro mineral que também pode ser usado na produção de baterias para veículos eletrificados é o vanádio. A Bahia é o único produtor do minério na América Latina. A empresa responsável é a Largo Vanádio de Maracás (LVMSA), no município de Maracás, que também produz esse bem mineral em áreas descobertas pela CBPM. O cobre também é utilizado em condutores elétricos. O estado está entre os três maiores produtores brasileiros dessa substância, que é produzida pela Ero Brasil (Mineração Caraíba), nas cidades de Jaguarari, Juazeiro e Curaçá, e é exportada para África do Sul, Canadá, China e Índia.

Segundo o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm, os índices que caracterizam o avanço continuado e inquestionável da eletromobilidade no mundo e a produção mineral baiana mostram o potencial do estado para a instalação de novas indústrias. “Se temos aqui as matérias-primas, por que ainda não temos produção das baterias elétricas aqui no estado, por exemplo? Num mercado cada vez mais conectado às tendências mundiais, é difícil compreender que ainda não tenhamos conhecimento, ao menos, da existência de projetos da iniciativa privada para a instalação de fábricas aqui na Bahia”, questiona Tramm.

Em 2020, a LVMSA lançou a Largo Clean Energy (LCE), com a previsão de produzir baterias com vida útil de 20 anos, mas levaram o projeto para Boston, nos Estados Unidos. “É preciso que o segmento da indústria de transformação atente para o promissor mercado de fabricação e exportação de produtos com valor agregado, a partir dos minérios produzidos aqui na Bahia”, pondera o presidente da CBPM.

A possibilidade de novos negócios como consequência da atividade mineradora, gera expectativas de mais benefícios para o estado e, principalmente, para as comunidades. O engenheiro de minas Pedro Lemos, que é diretor-financeiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (CREA-BA) destaca os resultados positivos que os empreendimentos podem promover. “A rigidez de localização do minério faz com que o desenvolvimento econômico para a região seja inevitável, pela criação de empregos diretos e indiretos, pelo desenvolvimento do comércio local e regional, e o acréscimo de receita para os municípios por meio da arrecadação tributária”, diz o engenheiro.

Fonte: Site CBPM

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