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Encher o tanque combustível até a “boca” causa danos ao veículo e à saúde do frentista

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Encher o tanque de combustível do veículo até a “boca” pode causar danos tanto para componentes do veículo quanto para a saúde do frentista. Esse hábito dos motoristas na hora do abastecimento, agora está proibido. Lei nesse sentido já está em vigor no Rio de Janeiro, desde o mês de Janeiro.

A campanha “Pare no Automático” cobra o cumprimento da Lei Estadual que obriga aos motoristas a não encherem o tanque de gasolina além do travamento automático da bomba. Isso por que ao ultrapassar esse nível, o frentista fica exposto ao benzeno, substância tóxica que se inalada de forma frequente pode causar câncer

Tal prática pode prejudicar o desempenho do motor do veículo e causar grave doença aos frentistas que habitualmente ficam expostos ao produto. A multa para quem descumprir é de 5 mil Ufirs (R$ 13.559 mil). Se houver reincidência, o valor será dobrado, alcançando R$ 27.119 mil.

Comprovação científica

De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), a exposição frequente a solventes exalados pela gasolina pode provocar danos neurológicos em frentistas de postos de combustível. Para que fosse possível chegar a tal conclusão, cerca de 25 frentistas foram submetidos a uma nova metodologia capaz de detectar problemas que um exame oftalmológico não conseguiria.

Segundo o responsável pela pesquisa, o mestrando Thiago Leiros Costa, houve alterações significativas em todas as tarefas sugeridas. “Usamos a visão para entender se o cérebro tinha sido alterado pela exposição ao solvente, e vimos que a atividade cerebral pode ser afetada de maneira maléfica”. Na maioria dos testes, o participante tinha que discriminar o estímulo, de um fundo. O estímulo ia se misturando com o fundo até um ponto em que o participante não consegue mais diferenciar. Conseguimos entender como está a sensibilidade para esse tipo de estímulo”, esclareceu Costa.

A perda de sensibilidade para cores foi tão significativa em alguns frentistas, que foi necessário fazer um exame genético para descartar a possibilidade de daltonismo congênito. “Não é uma alteração na lente do olho. É uma alteração do nível cerebral, seja na retina ou em outras áreas. O fato de a gente ter encontrado alteração em todos os testes, que mediam atividades em diferentes grupos de células do cérebro, podemos dizer que é uma perda difusa, e que provavelmente não se limita exclusivamente ao sistema visual”, concluiu o pesquisador.

Pela conscientização

De acordo com o presidente do Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado do Rio de Janeiro, Eusébio Pinto Neto, vários estados estão preparando legislação semelhante para a proibição, que era uma reivindicação antiga da categoria. A lei do Rio, de autoria do deputado Paulo Ramos (PSOL), entrou em vigor dia 21/01/2015.

Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o tanque de combustível completamente cheio libera benzeno, substância encontrada na gasolina e considerada cancerígena. “Faltando de 5 a 6 litros para encher o tanque, o travamento dispara e o cliente, normalmente, pede para o frentista encher até a boca. O atendente fica com o rosto próximo ao tanque, o que aumenta em 20 vezes a possibilidade de contaminação”, informou o presidente do sindicato. Ele explicou que, em alguns casos, é difícil identificar frentistas contaminados, porque eles não revelam a doença com medo de perder o emprego.

Segundo o sindicalista, o maior problema é que o Sistema Único de Saúde (SUS) não reconhece a doença e, por isso, o tratamento não pode ser feito na rede pública. “Temos dificuldade, porque, se divulgamos, o trabalhador perde o emprego e não é amparado pelo sistema público de saúde. Estamos lutando por isso na Federação Nacional dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo”, concluiu.

Lei da antipoluição de 1989

Encher o tanque de gasolina até a boca já foi uma prática comum no país, mas hoje não é mais possível. No Brasil, a partir de janeiro de 1989, como parte do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), determinado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) pela Resolução n° 18/86, todos os veículos a gasolina e a álcool passaram a ter um dispositivo para controlar as emissões evaporativas de combustível.

Para isso, receberam um filtro de carvão ativado (o canister) que fica localizado próximo do motor e que recebe os vapores de combustível do tanque por uma tubulação criada especialmente para esse fim.

A capacidade do tanque de combustível informada no manual do proprietário é nominal e corresponde ao primeiro desarme do bico da mangueira da bomba. A capacidade real é cerca de 10% maior e isso explica por que alguns motoristas acham que o posto é desonesto, por entrar mais combustível do que a capacidade conhecida.

Portanto, o abastecimento deve ser considerado terminado ao primeiro desarme do bico da mangueira. O velho método de calcular quanto combustível foi consumido de tanque cheio a tanque cheio, até à boca, agora deve ser de primeiro desarme a primeiro desarme.

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