
Apesar de ser cada vez mais comum nos centros cirúrgicos do Brasil, certas técnicas cirúrgicas robóticas ainda geram dúvidas aos pacientes. (Foto: divulgação)
Na avaliação do médico urologista, SÉRGIO AUGUSTO SKROBOT, quando um paciente ouve falar da possibilidade de uma cirurgia robótica, é quase inevitável que ele suscita dúvidas: ele se imagina sendo operado exclusivamente por um robô, em uma cena de ficção científica.
Mas o procedimento robótico – disse Skrobot – não surgiu para substituir o atendimento humano, pelo contrário. A tecnologia de ponta permite refinar a habilidade do médico, unindo a técnica do cirurgião à execução de manobras mais precisas do que a mão humana é capaz. A técnica robótica proporciona uma experiência menos invasiva. O médico usa o robô como uma ferramenta, assim como o bisturi é utilizado em um procedimento convencional. A máquina obedece aos comandos do cirurgião, que está na mesma sala, a poucos metros do paciente.
“Voltei de uma recente especialização em robótica na Alemanha, no Hospital Universitário de Leipzig, convicto de que nos próximos anos a popularização do robô fará com que as cirurgias sejam processos ainda mais seguros. Por isso, faço sempre questão de esclarecer os seguintes fatos para todos os meus pacientes que têm indicação cirúrgica”, relata o urologista:
- O robô não opera sozinho.
Ele é um assistente, uma ferramenta tecnológica a serviço da equipe cirúrgica. O médico controla os instrumentos em um console, com uma espécie de joystick. Esses movimentos são reproduzidos pelos braços do robô cirurgião, que está em contato com o corpo do paciente.
- A equipe cirúrgica precisa ser especializada na técnica robótica
Não é todo médico que pode operar com o robô. O profissional precisa ter experiência em cirurgia tradicional e uma formação especial em cirurgia robótica. Além do cirurgião principal, outro médico auxiliar presta assistência direta ao paciente, e toda a equipe cirúrgica é especializada nesta modalidade.
- É um procedimento com indicação específica
O uso do robô não é indicado para cirurgias de baixa complexidade. Ele é uma ferramenta especialmente importante para procedimentos que costumam ser mais delicados e invasivos, como cirurgias oncológicas, cardíacas ou neurológicas.
- A recuperação do paciente é mais rápida
Essa é uma das principais vantagens da técnica: as manobras dos braços do robô são mais precisas e livres dos tremores naturais da mão humana. Dessa forma, os tecidos saudáveis do paciente são mais preservados e as incisões são menores. O resultado é um pós-operatório mais rápido e com menos dor, além de chances mais baixas de sangramento e efeitos colaterais.
- A urologia é uma das especialidades mais beneficiadas
O robô assiste a cirurgias de várias especialidades, mas a urologia está entre as mais beneficiadas. Os procedimentos urológicos envolvem estruturas e órgãos especialmente delicados e de difícil acesso, em que a precisão é essencial para uma boa recuperação no pós-operatório. Um exemplo são as intervenções oncológicas: hoje a cirurgia robótica é considerada padrão ouro para a prostatectomia radical, a retirada da próstata no tratamento de câncer.
- A tecnologia é usada há mais de 16 anos no Brasil
O robô é uma tecnologia de ponta, mas não é uma técnica experimental. A cirurgia robótica é aplicada no Brasil desde 2008, regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina e cresce a cada ano. De acordo com a Associação Médica Brasileira, em 2023 havia 111 robôs distribuídos pelos principais centros cirúrgicos do país. Estima-se que hoje o número esteja próximo de 140.
Fonte: Vigia Comunicação
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