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Inoculação com bactérias reduz impacto do aquecimento global em pastagens, aponta pesquisa

 

Estudo da USP mostra que inoculação aumentou em até 38% o teor de proteína bruta na braquiária híbrida Mavuno mesmo sob temperaturas elevadas. (Divulgação)

Estudo da USP mostra que inoculação aumentou em até 38% o teor de proteína bruta na braquiária híbrida Mavuno mesmo sob temperaturas elevadas. (Divulgação)

A inoculação de sementes com bactérias foi capaz de neutralizar os efeitos negativos do aquecimento global sobre a produtividade e a qualidade nutricional de pastagens tropicais.

É o que mostra um estudo da Universidade de São Paulo (USP) realizado em campo com a brachiaria híbrida Mavuno, que apresentou aumento de até 38% no teor de proteína bruta mesmo sob temperatura elevada em dois graus Celsius.

O experimento foi conduzido ao longo de 405 dias no campus USP em Ribeirão Preto (SP) utilizando um sistema de aquecimento por infravermelho. Durante os testes, a temperatura média do ar foi de 23,7 °C, com máximas médias de 34,1 °C.

No grupo aquecido, a temperatura média do dossel foi de 25,5 °C, com picos de até 48,2 °C durante uma onda de calor, simulando o cenário climático limite de mais dois graus Celsius previsto no Acordo de Paris.

As sementes foram inoculadas com duas bactérias: Azospirillum brasilense, conhecida por fixar nitrogênio do ar e estimular o crescimento radicular, e Pseudomonas fluorescens, que atua na proteção contra estresses ambientais. Ambas são comercializadas no Brasil e vêm ganhando espaço como bioinsumos sustentáveis.

Braquiária Mavuno 
A escolha da Brachiaria Mavuno se deu por características agronômicas e fisiológicas, incluindo a alta produtividade, já demonstrada em estudos anteriores com inoculação.

Outros aspectos favoráveis considerados foram seu sistema radicular bem desenvolvido, que favorece a recuperação após déficit hídrico e sua capacidade de formar touceiras, típica de gramíneas tropicais perenes.

“A Mavuno tem um sistema radicular profundo e eficiente, o que favorece a absorção de água e nutrientes mesmo em condições adversas. Isso potencializa os efeitos da inoculação”, explica o professor da FFCLRP-USP e coordenador da pesquisa, Carlos Alberto Martinez.

Além do aumento de proteína, o experimento mostrou que a inoculação em Mavuno compensou integralmente a perda de produtividade causada pelo aquecimento, que chegou a reduzir a biomassa em 28% nas plantas não inoculadas.

As plantas tratadas mantiveram a produção e ainda apresentaram melhorias na digestibilidade da forragem e redução nos teores de lignina e fibras fatores diretamente ligados ao desempenho de bovinos de corte e leite. A digestibilidade da matéria seca aumentou em até 8% com a inoculação, mesmo sob estresse térmico.

Segundo a pesquisa, o aumento de 38% no teor de proteína bruta na Brachiaria Mavuno inoculada e sob aquecimento (+2 °C) está diretamente relacionado à maior disponibilidade de nitrogênio promovida pela fixação biológica realizada pelas bactérias, o que impacta positivamente a qualidade da forragem e o desempenho animal.

As análises também reforçam o papel dos inoculantes microbianos como ferramenta estratégica para a adaptação da agropecuária às mudanças climáticas. “Estamos falando de uma tecnologia de baixo custo, já disponível no mercado, que pode melhorar a qualidade da aliimentação animal e reduzir a dependência de fertilizantes nitrogenados”, afirma Martinez.

Para Alex Wolf, CEO da Wolf Sementes, que desenvolveu e comercializa Mavuno, os resultados estão em linha com o que a empresa observa em campo e potencializam a qualidade nutricional e digestibilidade já reconhecidas do híbrido.

“Digestibilidade e qualidade nutricional são fundamentais para reduzir a emissão gases de efeito estufa já que a produção de metano pelos ruminantes está associada ao consumo de forragens de baixa qualidade”, detalha Wolf.

O artigo completo foi publicado na revista Science of the Total Environment e está disponível em: https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2025.178769.

De: Daniel Navarro – OPA Comunicação / Por: OPA Assessoria

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