REVISTA DIGITAL

Guanambi . Bahia .
Você está aqui: Capa » Plantão de Notícias » Arquivo de Notícias » Projeto Transamazônico da USP está na exposição da FAPESP sobre 60 anos de ciência na Amazônia

Projeto Transamazônico da USP está na exposição da FAPESP sobre 60 anos de ciência na Amazônia

Mostra virtual reúne seis décadas de pesquisas e traz o projeto de perfuração coordenado pelo geólogo André Sawakuchi, do Instituto de Geociências da USP, que investiga as origens geológicas e a formação da biodiversidade amazônica. (Crédito: Carlos Mazoca

Mostra virtual reúne seis décadas de pesquisas e traz o projeto de perfuração coordenado pelo geólogo André Sawakuchi, do Instituto de Geociências da USP, que investiga as origens geológicas e a formação da biodiversidade amazônica. (Crédito: Carlos Mazoca)

O Projeto de Perfuração Transamazônica (Trans-Amazon Drilling Project – TADP), coordenado pelo geólogo André Sawakuchi, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP), é um dos principais destaques da nova exposição virtual lançada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). A mostra, intitulada “Ciência na Amazônia: história, desafios e descobertas”, apresenta um panorama de seis décadas de investigações científicas sobre a floresta, suas transformações e sua importância global.

exposição está disponível no site do Centro de Memória da FAPESP, com materiais iconográficos, áudios, depoimentos e textos que percorrem desde expedições pioneiras em zoologia até estudos de geologia profunda e ciências sociais aplicadas à região. O lançamento ocorre em meio à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que o ocorre até 21 de novembro, em Belém (PA). Nesse contexto, a mostra propõe uma reflexão sobre o papel da pesquisa científica na compreensão da Amazônia e sobre como o conhecimento produzido na região pode orientar ações de conservação diante da crise climática.

Arquivo geológico: perfurando o passado da floresta

O TADP, apoiado pela FAPESP, busca compreender a origem e a evolução da Amazônia e do clima na América do Sul tropical, além de investigar como a formação geológica do bioma influenciou sua biodiversidade atual. Entre 2023 e 2024, a equipe do IGc realizou perfurações inéditas de testemunhagem contínua no subsolo de duas regiões amazônicas, que são o município de Rodrigues Alves (Acre) e Bagre, na Ilha do Marajó, no Pará atingindo profundidades de 923 e 924 metros. Os registros obtidos remontam a cerca de 25 milhões de anos.

A perfuração de testemunhagem contínua é um procedimento geológico utilizado durante a perfuração de sondagens para obter amostras ininterruptas do material atravessado como solo, rocha ou sedimentos. “As bacias sedimentares da Amazônia representam um arquivo, um livro da história da floresta, que conseguimos ler com diferentes métodos analíticos”, explica Sawakuchi. O geólogo complementa que esses sedimentos acumulados guardam detritos de rochas, florestas e micro-organismos que viveram no solo e na água. São registros que mostram como era a paisagem antes de existir a Amazônia.

Esses testemunhos preservam sinais de pólen antigo, fósseis, sedimentos fluviais e variações climáticas que ajudam a reconstruir a transição entre antigos ambientes marinhos e florestais. “Existem camadas em que encontramos fósseis de organismos marinhos, o que indica que o mar do Caribe chegou a ocupar parte da Amazônia ocidental em um determinado momento geológico”, observa o pesquisador

A análise detalhada desse material permitirá compreender como o bioma se transformou até se tornar o mais biodiverso do planeta e quais fatores geológicos moldaram a atual configuração de rios, solos e vegetação. De acordo com Sawakuchi, esse conhecimento é essencial para compreender também o presente: “A biodiversidade também influencia o clima, também molda os ambientes”, reforça.

Ciência e logística em escala amazônica

Além de sua relevância científica, o TADP é um experimento logístico de grande porte. A execução das perfurações envolveu meses de trabalho de campo, transporte fluvial de equipamentos, montagem de acampamentos, turnos de 12 horas de coleta e envio das amostras para laboratórios no Brasil e no exterior. O projeto mostra que investigar a Amazônia em profundidade exige tecnologia, coordenação institucional e sensibilidade socioambiental, atributos que definem a ciência produzida com apoio da FAPESP.

O trabalho liderado pelo IGc-USP revela que a Amazônia não é apenas uma floresta “verde em cima”, mas também um repositório geológico da história da Terra. Ao perfurar o subsolo, os pesquisadores buscam compreender como as mudanças ambientais e climáticas do passado podem ajudar a projetar os cenários do futuro.

Sobre o Centro de Memória FAPESP

Criado em maio de 2024, o Centro de Memória FAPESP tem como missão resgatar e divulgar a trajetória da pesquisa científica financiada pela fundação. Sua primeira exposição, dedicada ao Projeto Genoma, inaugurou a plataforma, e a mostra “Ciência na Amazônia” é a segunda.

Sobre o IGc/USP

O Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo tem a proposta de proporcionar a formação profissional de Graduação e Pós-graduação do mais alto nível em Geociências, tornar a profissão de geólogo mais conhecida, apoiar pesquisas em Geociências que possibilitem o progresso científico e tecnológico do país, em sintonia com o desenvolvimento sustentável e divulgar as Geociências e sua importância para a vida e meio físico que a sustenta, via instrumentos da cultura e extensão universitária.

Informações à Imprensa: Moura Leite Netto / SENSU Consultoria de Comunicação

Comente esta matéria

O seu endereço de email não será publicado. Campos requeridos estão marcados *

*

Não serão publicados comentários com xingamentos e ofensas ou que incitem a intolerância ou o crime. Os comentários devem ser sobre o tema da matéria e sobre os comentários que surgirem. As mensagens que não atendam a essas normas serão deletadas. Os que transgredirem essas normas poderão ter interrompido seu acesso a este veículo.

Scroll To Top