
Reservas minerais colocam o país em posição estratégica, porém o avanço depende de capacidade de processamento e mão de obra especializada. (Terras-raras-e-a-cadeia-de-tecnologia / Itaú)
O anúncio recente do G7 sobre a criação de um pacote de US$ 64 bilhões para estimular a produção e o processamento de terras raras fora da China reacendeu o debate sobre o domínio tecnológica global. Hoje, o país asiático concentra mais de 60% da extração e cerca de 90% da capacidade de refinamento desses elementos, que são determinantes para setores como energia renovável, mobilidade elétrica, semicondutores, telecomunicações e defesa. A decisão das principais economias ocidentais sinaliza uma reconfiguração estratégica: controlar a cadeia produtiva desses minerais passou a ser sinônimo de competitividade e segurança industrial.
O Brasil surge nesse cenário com uma posição estratégica. O país possui reservas relevantes de terras raras, mas sua atuação ainda é majoritariamente voltada à exportação de matéria-prima. Especialistas apontam que, se avançarmos nas etapas de beneficiamento e desenvolvimento tecnológico, poderemos criar um ciclo de reindustrialização baseado em alto valor agregado. Isso significaria fortalecer cadeias produtivas nacionais, gerar empregos qualificados e ampliar a participação no mercado global de tecnologias emergentes. Em vez de apenas fornecer insumo bruto, o país teria condições de produzir componentes e soluções que hoje são importados, especialmente para indústrias de energia limpa, carros elétricos, dispositivos eletrônicos e equipamentos de precisão.
Esse movimento, no entanto, exige investimento em formação profissional. O salto tecnológico necessário para transformar reservas minerais em produtos avançados depende de engenheiros, programadores, especialistas em automação, robótica e inteligência artificial.
Para Marco Giroto, especialista em educação tecnológica e fundador da SuperGeeks, o momento é decisivo. “Há uma oportunidade real de o Brasil ocupar um espaço estratégico na nova economia global. Mas isso só será possível se formarmos pessoas preparadas para operar e desenvolver tecnologias de ponta. A base da inovação é humana. Sem profissionais qualificados, continuaremos fornecendo insumos e importando valor”, afirma.
À medida que países reforçam políticas industriais para reduzir a dependência chinesa e ampliar a autonomia tecnológica, o Brasil enfrenta uma escolha clara: permanecer exportador de recursos naturais ou avançar para a produção de tecnologia. O rumo adotado agora determinará o próximo ciclo global de inovação.
Informações para a Imprensa: Por: Rowena Romagnoli
Lucky Assessoria de Comunicação





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