São Paulo – A Doença de Alzheimer (DA), a forma de demência mais prevalente, ainda carece de uma patogênese claramente definida e de terapias eficazes que modifiquem o curso da doença. No entanto, uma recente revisão científica de grande impacto, publicada na revista Microorganisms, lança luz sobre um potencial motor periférico da neurodegeneração: a disbiose oral crônica (Ligada à doença bucal).
O artigo, intitulado “The Oral–Brain Axis in Alzheimer’s Disease: From Microbial Dysbiosis to Neurodegeneration”, foi resultado do trabalho colaborativo de vários especialistas internacionais, incluindo o pesquisador brasileiro Gabriel César Dias Lopes, do Department of Neuroscience and Mental Health da Logos University International (UNILOGOS) e da European International University. Juntamente com Alessia Felicetti, Domenico Azzolino, Pier Carmine Passarelli e outros autores, o estudo examina como a saúde bucal pode estar diretamente ligada à progressão da DA.
Segundo a pesquisa, a disrupção do ecossistema oral, tipicamente observada na periodontite, promove a inflamação sistêmica e a circulação de produtos bacterianos que podem influenciar a homeostase cerebral. A periodontite e a disbiose oral não são apenas comorbidades, mas sim fatores patogênicos ativos que influenciam o início e a progressão da Doença de Alzheimer.
Os Patógenos-Chave na Neuroinflamação
O conceito central da revisão é que as comunidades microbianas alteradas na boca se integram a uma rede mais ampla de fatores envolvidos na patofisiologia da DA, incluindo processos inflamatórios, gastrointestinais e relacionados à barreira de proteção.
A cavidade oral abriga mais de 700 espécies microbianas em equilíbrio dinâmico. Quando esse equilíbrio é rompido, patógenos oportunistas ganham destaque. O estudo enfatiza o papel de bactérias como a Porphyromonas gingivalis e a Fusobacterium nucleatum.
A Porphyromonas gingivalis (Pg) é classificada como um “patógeno-chave”. Suas lipopolissacarídeos (Pg-LPSs) e proteases de gingipaína ativam a micróglia e os astrócitos, promovendo neuroinflamação, estresse oxidativo e perda sináptica. Além disso, a gingipaína e o LPS da P. gingivalis podem atravessar ou comprometer a integridade da barreira hematoencefálica (BBB), facilitando a entrada de patógenos e mediadores inflamatórios no parênquima cerebral.
A pesquisa detalha que as gingipaínas produzidas por esta bactéria promovem a acumulação de proteína beta-amiloide (Aβ) e a hiperfosforilação da proteína tau, amplificando a cascata neuropatológica clássica da DA. De forma semelhante, o Fusobacterium nucleatum também demonstrou exacerbar o acúmulo de Aβ e a fosforilação de tau em modelos animais.
A ficha técnica do estudo que discutimos, intitulado “The Oral–Brain Axis in Alzheimer’s Disease: From Microbial Dysbiosis to Neurodegeneration,” é a seguinte:
| Campo | Detalhes |
| Título | The Oral–Brain Axis in Alzheimer’s Disease: From Microbial Dysbiosis to Neurodegeneration (O Eixo Boca-Cérebro na Doença de Alzheimer: Da Disbiose Microbiana à Neurodegeneração) |
| Tipo de Artigo | Review (Revisão) |
| Periódico | Microorganisms |
| Autores | Alessia Felicetti, Domenico Azzolino, Pietro Paolo Piro, Gabriel César Dias Lopes, Najmeh Rezaeinezhad, Roberto Lovero, Luisella Bocchio-Chiavetto, Marica Colella, e Pier Carmine Passarelli |
| Publicação | Microorganisms 2025, 13, 2741 |
| Datas Principais | Recebido: 3 de Novembro de 2025; Aceito: 26 de Novembro de 2025; Publicado: 1 de Dezembro de 2025 |
| DOI | https://doi.org/10.3390/microorganisms13122741 |
O artigo completo está disponível em acesso aberto (open access), sob os termos e condições da licença Creative Commons Attribution (CC BY)
Informe à imprensa: Por Marco Alves Sociedade de Advocacia








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