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Ameaçado de extinção, imbuzeiro precisa de lei que o proteja

imbuzeiro 1

O imbuzeiro é uma árvore única no mundo que só existe no Brasil

O imbuzeiro ou umbuzeiro (prefiro imbuzeiro) é uma árvore única no mundo que só existe no Brasil, segundo especialistas. Batizado por Euclides da Cunha (1866 – 1909) como “árvore sagrada do Sertão”, o imbuzeiro pode estar com os dias contados, já que corre risco de extinção na sua terra mãe, o Nordeste brasileiro. Preocupados com essa possibilidade e o alerta dos especialistas, já existem organizações, localizadas e nacionais, trabalhando para estimular a preservação da árvore, que só cresce na Caatinga (paisagem também exclusiva do Brasil).

FONTE DE RENDA – Milhares de famílias do Nordeste brasileiro ganham seus sustentos colhendo e comercializando ou transformando o fruto do imbuzeiro em deliciosos alimentos. Para muitas comunidades do semiárido é a única fonte de sobrevivência: “É uma das únicas fontes de renda para mais de 200 famílias” filiadas da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), manifestou recentemente durante um encontro regional Avay Miranda, gestor de projetos da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).

Nesta região da Serra Geral, onde Guanambi é cidade polo, mais de 30 municípios do semiárido também usufruem do imbuzeiro. Mas a existência da “árvore sagrada do sertão” corre o risco de ser dizimada da flora nativa.

imbuzeiro 2

As constantes derrubadas para darem lugar a pequenas culturas familiares, para o aproveitamento nas carvoarias ou para abrir espaços a construções de barragens e estradas, tudo contribui para a rápida devastação dessa nossa flora nativa.

Felizmente, alguns agricultores da região, a exemplo do senhor Elcino Oton Teixeira, do distrito de Ceraíma (Guanambi) e Valdimiro Oliveira, do distrito de Pilões (Candiba), dedicam trabalho de cultivar pomares, em escala comercial, frutos de uma variedade de imbu gigante, que chegam a 170g /unidade, bem como produzem mudas das gemas de suas safras.

As autoridades municipais bem que poderiam dar exemplo de lucidez e criarem leis que protejam nossa flora e nosso bioma Caatinga. Na mesma velocidade de devastação, esse eito de desmandos vai também exterminando os juazeiros, outra uma árvore “sagrada” exclusiva do nosso bioma, que precisa de proteção legal.

PROJETO DE LEI – Justificando que “a Caatinga, vegetação natural típica do Nordeste, embora seja um bioma exclusivamente brasileiro e cubra praticamente um décimo do território nacional, não goza da mesma proteção constitucional que a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica e o Pantanal Mato-Grossense”, o deputado Inocêncio Oliveira apresentou na Câmara Federal Projeto de Lei 942/07, de sua autoria, que “declara imunes ao corte as árvores situadas dentro do domínio do Bioma Caatinga”. Depois de discutido, a Sala da Comissão votou pela aprovação do Projeto, em 12 de setembro de 2007.

O resultado mais promissor em atenção à proposta do Inocêncio de Oliveira foi que um decreto de 20 de agosto, da Coordenação de Comissões Permanentes – Decom – p_2697 confere com o original autenticado pl-942-a/2007 3 2003 – instituiu o ‘’Dia Nacional da Caatinga’’, comemorado dia 28 de abril de cada ano.

Na caatinga praticamente não existem novas plantas de umbuzeiro. As espécies encontradas têm mais de 100 anos de idade, segundo o biólogo José Alves, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasp), que estuda o imbuzeiro há oito anos. Ele é taxativo: “O umbuzeiro é uma espécie ameaçada de extinção, embora oficialmente não seja considerada ameaçada pelo governo brasileiro”, dizo documento.

Para o pesquisador José Alves, a preservação do imbuzeiro precisa ser impulsionada imediatamente “para que se garanta essa atividade sustentável pelos próximos 10 ou 20 anos – como acontece com a castanha do Pará e o açaí na Amazônia”. Do contrário, as atividades econômicas tendem a se tornar insustentáveis e até mesmo as exportações para países europeus podem ser comprometidas ao longo dos anos.

SÍMBOLO DO SERTÃO – Os imbuzeiros que hoje ainda se vê no sertão, têm mais de um século. Seus frutos são riquíssimos em vitamina C, suas raízes são alimentos fibrosos e suas batatas são depósito de água no sertão estorricado. Por tudo isso, o imbuzeiro foi apelidado de “árvore sagrada do Sertão” pelo imortal da literatura brasileira, Euclides da Cunha.

IMBUZEIRO OU UMBUZEIRO – O umbuzeiro é também conhecido como imbuzeiro (nome cientifico: Spondias tuberosa). O seu fruto é o umbu ou imbu. A palavra que lhe deu esse nome é o “ymbu”, de origem tupi-guarani, que significa “árvore que dá de beber”, por sua característica de armazenamento de água nas suas raízes.

Um comentário

  1. ODON COSTA AMARAL GUIMARÃES

    Precisamos, urgentemente, extirpar da cultura popular a falsa ideia que para fazer ou deixar de fazer alguma coisa é necessários Lei. O que precisamos, urgentemente, é conscientizar as crianças, homens do amanhã, que as árvores e demais seres vivos são partes integrantes da biodiversidade e o rompimento de uma só engrenagem é o suficiente para comprometer toda vida terrena.
    Seria mais producente e alcançaria melhor resultado se os órgãos públicos existentes voltados à ciência agrária assumissem, efetivamente, os seus papéis. No mês passado assistimos a Chapada Diamantina arder em fogo enquanto que os homens públicos voltados ao seguimento trancados em seu gabinetes e amarrados à burocracia faziam-se surdos/ mudos, segundo denúncia divulgada na mídia oriunda dos brigadistas voluntários. Chega de discursos baratos e improducentes!

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