REVISTA DIGITAL

Guanambi . Bahia .
Você está aqui: Capa » Agronegócios » Como evitar e o que fazer em acidentes envolvendo abelhas africanizadas em rios do Pantanal

Como evitar e o que fazer em acidentes envolvendo abelhas africanizadas em rios do Pantanal

As abelhas africanizadas apresentam longa persistência na duração de tempo e na distância em que executam o seu ataque. Dessa forma, a pessoa deve sair ou ser retirada da região onde está ocorrendo o ataque o mais rapidamente possível. Foto: Codevasf / apicultores do São Francisco.

As abelhas africanizadas apresentam longa persistência na duração de tempo e na distância em que executam o seu ataque. Dessa forma, a pessoa deve sair ou ser retirada da região onde está ocorrendo o ataque o mais rapidamente possível. Foto: Codevasf / apicultores do São Francisco.

Todos os anos ocorrem acidentes com abelhas africanizadas (Apis mellifera L.) nas áreas de influência dos rios que formam o Pantanal. No entanto, diversos procedimentos, inclusive alguns relativamente simples, podem evitar ou minimizar que esses eventos causem maiores danos às pessoas.

Antes de partir para uma dessas aventuras turísticas no campo, veja os conselhos do especialista em apicultura, Vanderlei Doniseti Acassio dos Reis, engenheiro-agrônomo e pesquisador da Embrapa Pantanal.

Procedimentos antes do início da viagem:

A pessoa que for para algum lugar onde haja a possibilidade de ocorrer acidentes com abelhas africanizadas e que seja distante de fontes de recursos (hospitais, médicos, medicamentos, logística complexa, etc.), deve antes de viajar, realizar o exame IgE (específico para o veneno desses insetos) para identificar seu nível de sensibilidade. Se necessário, é preciso realizar tratamento(s) para minimizar essa condição ou adiar esse deslocamento. Cabe destacar que um ou mais profissionais da área médica é que devem conduzir esses processos, sendo que a pessoa em questão deve comunicar, inclusive para outros membros da equipe da viagem caso já saiba, de possui alergia/resistência a algum tipo de medicamento ou a qualquer outro produto.

Procedimentos durante a viagem:

É fundamental que haja um estojo (“kit”) de primeiros socorros com medicamentos adequados para o tratamento dos efeitos do veneno de abelhas africanizadas, se ocorrerem acidentes, e que este sempre esteja em local de fácil acesso. Lembre-se que um ou mais profissionais da área médica é que deve indicar quais os medicamentos que integrarão esse estojo, que podem, inclusive, ser diferentes para cada pessoa. Além disso, deve ser utilizados por alguém capacitado e treinado na realização de primeiros socorros.

É importante que quando a embarcação for se aproximar da margem do rio, principalmente em locais com vegetação nas quais possam haver colônias de abelhas africanizadas e/ou vespas, que o façam de maneira cuidadosa, minimizando a possibilidade de suas ações serem interpretadas como agressivas por esses insetos. Além disso, caso sejam visualizados ninhos desses animais, a aproximação deve ser obrigatoriamente cancelada e também evitados quaisquer contatos com galhos, cipós, etc., que podem transmitir vibrações e desencadear o comportamento defensivo ou ataque dos insetos.

Nos deslocamentos para a realização de qualquer tipo de atividades nas áreas de influência dos rios pantaneiros deve ser evitado o uso exagerado de perfumes ou outros produtos pelas pessoas (bebidas alcoólicas, etc.) que liberem substâncias voláteis que podem desencadear ou até mesmo ampliar, em situações específicas, o comportamento defensivo ou o ataque desses insetos.

Nos casos em que o ataque das abelhas africanizadas seja iminente ou já esteja ocorrendo, as pessoas necessitam proteger (utilizando blusas, camisas, lonas, capacetes, etc.) as partes mais sensíveis de seus corpos a esse ataque: principalmente o pescoço e a cabeça. É recomendável que se utilize, preferencialmente, calças compridas, camisas claras de mangas longas e chapéu com proteção contra sol e insetos, os quais devem ser confeccionados com tecido grosso. Nessas situações, seria interessante evitar mergulhar, pois a pessoa pode, além de não saber nadar, ficar desorientada e ser atacada na região dos ombros, pescoço e cabeça toda vez que for à superfície para respirar. Além disso, as abelhas africanizadas apresentam longa persistência na duração de tempo e na distância em que executam o seu ataque. Dessa forma, a pessoa deve sair ou ser retirada da região onde está ocorrendo o ataque o mais rapidamente possível. Além disso, devem ser retirados com urgência os anéis, a aliança, corrente ou outros materiais que podem sufocar ou, com o inchaço dos dedos e/ou da garganta, causar mais danos à vítima do ataque.

Épocas do ano em que os acidentes com abelhas africanizadas são mais frequentes nas áreas de influência dos rios pantaneiros: na primavera (setembro, outubro e novembro), quando ocorre a enxameação e quando o pulso de inundação (época variável de ano para ano em cada região que compõe o Pantanal) atinge a colônia desses insetos, obrigando os adultos a abandoná-la e buscarem um novo local para se instalarem. No entanto, acidentes com abelhas africanizadas podem ocorrer em qualquer época do ano, como descrito no item 2.

É importante que a pessoa se mantenha o mais calma possível quando for ferroada por abelhas africanizadas e não tente matá-las com tapas, principalmente quando estas ficam presas nas roupas, voando ou atacando ao redor do cabelo, sobrancelhas ou outras áreas do corpo com pelos longos. Os insetos esmagados liberam feromônios de ataque que vão estimulando as demais abelhas a ficarem cada vez mais defensivas com a consequente intensificação e prolongamento da duração do ataque.

Em caso de ataque maciço de abelhas africanizadas, tente informar o órgão governamental mais próximo (Marinha do Brasil, Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Militar Ambiental, etc.), equipe de viagem, amigos ou parentes e procure atendimento médico o mais rápido possível, mesmo que tenha sido feito o uso de medicamentos constantes no estojo de primeiros socorros. Cabe destacar que é muito importante que sejam retirados os ferrões que estiverem no corpo da vítima, pois nos primeiros minutos após o ataque ainda há liberação de veneno pelos mesmos. Essa ação deve ser realizada utilizando-se materiais como cartão magnético de banco (e não com os dedos) para que não seja liberado o restante do veneno. Após esse período inicial, caso os ferrões não sejam retirados, ainda causarão danos mecânicos na pessoa e podem possibilitar a entrada de microrganismos causadores de infecções, piorando ainda mais a situação da vítima. É interessante também que se tente manter a pessoa atacada com o maior grau de consciência possível até que possa receber o devido tratamento médico/hospitalar.

Fonte: Embrapa Pantanal

Comente esta matéria

O seu endereço de email não será publicado. Campos requeridos estão marcados *

*

Não serão publicados comentários com xingamentos e ofensas ou que incitem a intolerância ou o crime. Os comentários devem ser sobre o tema da matéria e sobre os comentários que surgirem. As mensagens que não atendam a essas normas serão deletadas. Os que transgredirem essas normas poderão ter interrompido seu acesso a este veículo.

Scroll To Top