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CANDIBA: Plantar imbuzeiro pode ser um Investimento promissor

candiba umbuzeiro (1)

Por: João Martins

Quem diria! O imbuzeiro [ou umbuzeiro] “árvore sagrada do sertão”, como disse Euclides da Cunha, nativa do sertão de caatinga e semiárido do nosso nordeste, que há séculos vem sendo dizimado pelos destruidores do meio ambiente, é hoje, comprovadamente, uma fonte importante e promissora para a economia rural. Um bom exemplo disso está acontecendo no município de Candiba, na região Serra Geral da Bahia, perto de Guanambi. A iniciativa partiu do técnico agrícola Nelbino Alves Marques, há cerca de sete anos, quando era então secretário da Agricultura daquele município.

candiba umbuzeiro (2)O projeto de Marques foi disseminado através de 42 associações de moradores da zona rural, que receberam, para cada uma, 25 mudas de uma variedade “imbu-gigante”, desenvolvida pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), no Projeto Irrigado de Livramento/BA, onde a experiência já havia sido testada com sucesso.

A proposta do secretário, infelizmente, não foi levada a sério nas associações, com exceção de dois agricultores: Valdemiro de Oliveira, do sítio Olho D’agua, no distrito de Pilões, e Vando Guimarães, da localidade de Lagoa da Pedra. Cada um cultivou 25 mudas, e hoje já colhem frutos do seu trabalho.

Nossa reportagem visitou o sítio de Valdemiro, onde cerca de 50 pés do inbu-gigante estão em franca produção. Cultivados pelo sistema de enxertia, os frutos se destacam pelo tamanho e sabor: inigualáveis a quaisquer outros. Cada fruto pode chegar a 150g, variando de um pé para outro, a depender do “cavalo” do enxerto. A pequena mas substancial amostra ilustra bem a idéia de Marques.

PROJETO PILOTO – Numa área de 3,5 hectares, Valdemiro, com 45 anos, mais os braços de sua esposa, Neuza de Oliveira e do filho André (já que ele é encostado do INSS por problema na coluna cervical), iniciaram, há cerca de seis anos, o cultivo de imbu numa pequena parte do seu terreno (menos de um hectare). Ele consorciou com o imbuzeiro (Spondias tuberosa) a palma forrageira, feijão-andu, pimenta, sorgo, abóbora, melancia e milho, para não comprometer sua rotina agrícola diversificada e a criação de vacas de leite.

Outras receitas do seu sítio vêm das colmeias de abelhas africanas, que lhe rende cerca de 120 kg de mel por ano. “Dá pra gente ir levando a vida”, disse o produtor, com a sua franqueza e costumeira humildade.

E os imbus? “Por enquanto ainda não estamos vendendo, porque estamos no começo da primeira safra e ainda fazendo experiência”, disse Valdemiro, satisfeito com os primeiros resultados.

Não bastasse as variedades que estão sendo testadas, ele vem selecionando também algumas sub-variedades, levando em conta o tamanho a consistência e o sabor do fruto. “Vou continuar plantando, porque estou acreditando nesse projeto”, disse Valdemir.

VIABILIDADE ECONÔMICA

Fazendo os cálculos de viabilidade econômica, baseado na experiência de Valdemiro, Nelbino estima que cada árvore possa produzir 500 kg por safra, podendo chegar a 1000 kg. Cada kg é comercializado na feira de Guanambi por R$ 3. E com base nesses cálculos, Marques calcula que cada produtor, se levar à risca o seu projeto, poderá obter uma renda mensal em torno de R$ 1.200,00 com apenas 50 imbuzeiros.

“Quando pensei nesse projeto, disse Marques, levei em conta os múltiplos produtos que podem ser obtidos do imbu, como polpa, doces, as flores para apicultura e até o aproveitamento de suas raízes na fabricação de doces”.

Outra proposta de Nelbino – atual vice-prefeito de Candiba – para uma boa estabilidade econômica do produtor rural, leva em conta uma área de 10 hectares: 2 hectares de imbuzeiros, 2 de sorgo, 2 de mandioca e feijão e 4 de piquetes com grama tifton (rica em nutrientes), para desenvolver criação de galinha caipira, porco e gado de leite. Num cálculo superficial ele estima que o produtor poderá obter com esse pequeno projeto uma renda de mais de R$ 200 mil anuais com a comercialização de ovos, leite, imbu e carne suína.

candiba umbuzeiro (3)

Os imbus do Seu Elcino

 Há aproximadamente 43 anos, o casal de agricultores Elcino Othon Teixeira, 80, e Eva Leopoldina, 68 anos, conseguiu uma muda do “imbuzeiro de Romualdo”, outro agricultor da localidade do Gentio (atual Ceraíma), distrito de Guanambi, e plantou-a em sua Fazenda Pirajuípe. “Era um tipo de imbu graúdo, como nenhum outro já visto na região, e era mais doce e mais carnudo”, detalhava Seu Elcino para Revista Integracão Bahia, em março de 2006.

Eram apenas 12 árvores nos primeiros anos de cultivo, resultantes do cruzamento (plantio por estaca) da variedade de “Romualdo” com outro imbuzeiro (Spondias tuberosa) nativo do quintal do agricultor, cujas árvores até hoje produzem em abundância e com a mesma vitalidade e qualidade de sempre. A primeira árvore (43 anos) do Seu Elcino produz até hoje uma média de 800 a 1000 kg em cada safra (janeiro a março) – imbu pesa entre 60 e 120g.

Dada a grande aceitação dos imbus do Seu Elcino, seus filhos, o contabilista/agricultor Valdir Elcino Teixeira e seu irmão caçula Elcino Filho, se interessaram pela cultura e passaram a desenvolver novos cruzamentos e a multiplicar o plantio na fazenda da família. Hoje, com mais de 80 árvores plantadas – 50 já produzindo -, a renda da família Elcino ampliou consideravelmente, principalmente no período da safra. Eles cultivam 2 hectares com imbuzeiros e colhem uma média de 2.500 dúzias por safra, que são comercializados a R$ 2 / dúzia. “Estamos ampliando a área para 4 hectares, porque a procura é muito grande”, disse Valdir.

O investimento dos Elcinos não para por aí: eles estão produzindo e comercializando mudas. Aliás, esse tem sido o grande filé dos negócios. “Não estamos vencendo a procura por mudas. Vendemos o quando produzimos”, disse o filho contabilista, que vende cada muda por R$ 10.

O projeto deu certo, não somente para eles como também para muitos outros agricultores de Guanambi e da Bahia. A própria EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, órgão ligado à Secretaria de Agricultura do Governo da Bahia -, interessada no potencial econômico que poderá advir do cultivo de tal variedade de imbuzeiro, já foi conhecer a variedade de Ceraíma. Muito material genético, da variedade do Seu Alcino foi e continua sendo multiplicado no projeto de fruticultura de cidade de Livramento, região Sudoeste do Estado, e em outros centros de pesquisas agropecuárias.

FUTURO – O projeto futuro de Valdir comunga com os sonhos de Nelbino Marques: constituir, um dia, uma cooperativa dos produtores de imbu, com estrutura para industrialização do fruto – polpas, doces, compotas – e expandir a pesquisa e produção de mudas, suportada por uma estrutura de comercialização para outros centros consumidores do país e, quem sabe, exportar para outras nações.

3 comentários

  1. O UMBU GIGANTE, É DOCE OU AZEDO?

  2. Luiz Alberto Maciel Públio

    Prezados,

    Sou pequeno agricultor e defensor da preservação da natureza e em particular das arvores frutíferas, parabenizo o trabalho de vocês e gostaria de comprar 20 mudas de umbo e gostaria de saber como adquiri?
    Meu telefone para contato 47 99937 2898 – só para informar com relação ao número 47 é que apesar ser filho de Urandi morei 17 anos em Santa Catarina e agora retornei para Urandi onde pretendo morar, criar algumas vacas e plantar algumas arvores nativas.

    No aguardo de como adquirir as mudas.

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