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A crise é real e afeta a todos, mas Guanambi é otimista e resiste

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Dizer que a crise não afeta a todos os segmentos da economia nacional, inclusive das pequenas cidades do interior do país, é esconder o sol com peneira. Cada setor vai se livrando das amarras como pode: gasta-se menos, trabalha-se mais, diminui-se os passeios e gasta-se apenas o necessário para manter-se “vivo” até superar os entraves que engessa a nação.

Em Guanambi, cidade pólo regional de comércio e serviços da região da Serra Geral da Bahia, cinturão produtivo do vale do médio São Francisco, observa-se em cada porta aberta de comércio uma certa estafa dos seus gestores e uma inquietação de quem busca se manter no emprego. Obviamente que o sertanejo já está acostumado com os muitos percalços que a natureza frequentemente lhes impõe, e não vai ser desta vez que o nosso empeendedor vai renunciar a luta.

guanambi-2-adnalva-magalhaes-avilaNo entender da empresária e presidente do Sincomércio – Sindicato dos Comerciantes de Guanambi e Região, Adnalva Magalhães Ávila (nossa interrogada sobre a situação econômica regional), ‘’2016 foi preocupante em tudo: em relação a trabalho, a emprego, a falta de comunicação do setor comercial e a situação política que vive o país, que a gente não sabe quem é quem, o que querem. Tudo isso atrapalha; essa confusão da Lava Jato atrapalha muito. Acho que as pessoas estão muito ligadas nessa questão do país e estão se esquecendo de si mesmas. Em 2017 temos que trabalhar com o nosso eu, nossos trabalhos e sermos melhores”, analisa a empresária.

Quanto a Guanambi, Adnalva entende que do ponto de vista governamental falta apoio, falta dar oportunidade ao jovem aprendiz. “Falam em projetos para esses jovens, mas a gente vê muito pouco disso”. Na sua análise, “Guanambi é uma cidade que a gente se orgulha, que tem gente muito bem preparada para a luta, mas falta união da Prefeitura com os setores empresariais. A prefeitura tem que promover os eventos em parceria com os empresários e as pessoas da cidade, para gerar renda dentro do município e evitar evasão de recursos. Guanambi está preparada, mas falta união. Se o dinheiro dessas festas ficasse aqui mesmo, Guanambi seria outra cidade. O nosso comércio precisa de mais união. Veja aí o exemplo do nosso Sincomércio: todos os anos a gente se reúne para discutir o piso salarial para que o comércio seja mais forte. Falar só em crise não vai resolver nada. E preciso criar oportunidade, ter pensamento positivo de que vai conseguir, que vai melhorar… É preciso união para tudo dar certo; e eu sou otimista quanto a isto; as pessoas é que são desunidas e muito egoístas”, desabafou a empresária.

INVESTIMENTO E FRUSTRAÇÕES

Com a vinda para Guanambi e região de grandes empresas, como a Renova, a Bahia Mineração, a Pavotec e outras a serviços da Ferrovia Oeste-Leste (Fiol), a cidade se estruturou e investiu alto para dar suporte a essas frentes de trabalho. Infelizmente, em razão dessa reviravolta na política nacional, algumas dessas frentes foram paralisadas, algumas completamente, e isso provocou estagnação e grandes prejuízos a muitos setores da economia regional, especialmente aos setores comercial e de serviços.

“Nossa expectativa era trabalhar em parceria com essas empresas. Fizemos construções, investimos para atender o que essas empresas nos solicitaram, e foi aí que veio o grande prejuízo. Tivemos muita inadimplência com essas empresas, disse Adnalva.

Nas contas de Clinton Ávila, empresário que diversifica suas atividades em comércio de peças, mecânica pesada, perfuração de poços, aluguel de máquinas e implementos de terraplenagem, irrigação, dentre outras, neste ano suas vendas caíram perto de 70% em relação a 2015.

Segundo ele o Governo Federal prometeu liberar linha de crédito através do banco do Nordeste, mas até agora nem um tostão foi liberado e não há capital de giro pra ninguém. ‘’Vendemos para essas grandes empresas e elas não nos pagam. O resultado é o pior possível e acaba estourando em cima de nós comerciantes”, disse. Ele relata também a situação das Prefeituras que, a maioria delas não vai honrar com os seus compromissos. “Eu vinha trabalhando com 33 Prefeituras, mas hoje trabalho com apenas dez delas”, disse Clinton, desiludido com a situação de inadimplência desses clientes.

Economia do municípo não cresceu, mas não perdeu receita

A prefeitura de Guanambi encerra o seu exercício fiscal de 2016 com um saldo contábil 20% menor que o esperado para este ano. Segundo o secretário da Fazenda do município, Roberto Júlio de Oliveira, a diferença não porque houvesse queda na arrecadação municipal, mas porque não consolidou o aumento de receita previsto para esse exercício fiscal.

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“Estamos tranquilos com relação ao fechamento contábil, embora sem os 20% de aumento da arrecadação que projetamos no inicio do ano”, disse Roberto Júlio, acrescentando que sua secretaria tem sido vigilante todo o tempo para não incorrer em erros fiscais que possam comprometer o Executivo municipal. “Trabalhamos sempre preservando uma pequena margem de sobra para não sermos pegos de surpresa”, ponderou o secretário.

Atualmente com uma receita bruta mensal da ordem de R$ 120 milhões – incluindo todos os repasses constitucionais e todas as fontes tributárias, Roberto Júlio afirma que o município de Guanambi, na gestão Charles Fernandes, tem cumprindo, à risca, a Lei de Responsabilidade Fiscal e até mesmo investido um percentual maior em setores como Saúde e Educação utilizando-se dos recursos municipais.

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