O uso de resíduos orgânicos em culturas agrícolas pode contribuir para o manejo de doenças de plantas e melhorar a fertilidade do solo. Cientistas da Embrapa Meio Ambiente (SP) observaram que a incidência da murcha de Fusarium, a mais importante doença que acomete bananeiras (ver quadro), foi menos severa após a aplicação no solo do lodo de esgoto compostado.
“A redução do índice de doença variou de 9% a 67% com a aplicação de lodo de esgoto nas concentrações de 1% a 5% em relação ao grupo controle. Assim, o nível de controle vai depender da quantidade aplicada”, revela o pesquisador da Embrapa Wagner Bettiol frisando que essa prática também aumentou o crescimento das plantas.
Ele explica que a incorporação de resíduos orgânicos aumenta as atividades microbianas do solo, que o tornam inóspito para os patógenos, isso também altera suas características químicas e físicas, fornecendo macro e micronutrientes às plantas. Por isso, a prática é uma importante ferramenta de manejo para a supressão da murcha de Fusarium na banana. “A eficiência no controle de doenças depende das características do resíduo, quantidade aplicada, características do solo, época de incorporação e do patossistema”, pondera o cientista.
A pesquisa envolveu a avaliação dos efeitos bióticos e abióticos sobre a severidade da murcha após a incorporação no solo de lodo de esgoto compostado, biocarvão, casca de camarão e conchas de mariscos. Dos quatro resíduos testados, o lodo de esgoto compostado, incorporado ao solo nas concentrações de 4% e 5%, foi o que proporcionou os melhores resultados em relação à supressão da murcha de Fusarium da bananeira e ao desenvolvimento das plantas.Foi constatado também que o comportamento dos resíduos não foi uniforme sobre a doença e desenvolvimento da planta, nem sobre as características biológicas, físicas e químicas do solo. Para cada resíduo e concentração utilizados, a resposta foi distinta indicando que o comportamento de cada um deve ser analisado individualmente e com o maior número possível de variáveis para decifrar os seus efeitos no desenvolvimento das plantas e na indução da supressividade a patógenos habitantes do solo.
Lodo enriquecido pode ser mais eficaz
“O uso de resíduos orgânicos abre uma avenida de opções no manejo de doenças causadas por patógenos do solo. Existe a possibilidade de enriquecer esse composto com microrganismos sabidamente antagonistas ao Fusarium, como o fungo Trichoderma, principal agente de biocontrole de doenças de plantas”, informa o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Miguel Dita que enfatiza a importância dessas pesquisas diante da ameaça da entrada no País da raça 4 tropical do Fusarium. Mais agressiva, essa raça é considerada a maior ameaça da bananicultura mundial e é capaz de acometer mais de 80% das bananas e plátanos cultivadas hoje no mundo, incluindo a Cavendish, subgrupo resistente a outras raças do Fusarium.
Por: Cristina Tordin (MTb 28.499/SP) | Embrapa Meio Ambiente
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