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Há 50 anos, Elsimar Coutinho, médico e cientista brasileiro, criava os implantes hormonais

Elsimar Coutinho

 

 

‘Implantes nunca devem ser usados para fins estéticos e, sim, para reposição hormonal e patologias associadas à saúde da mulher”. (foto: reprodução / UFBA)

 

 

Por: Malcolm Montgomery*

Tenho me dedicado a cuidar da mulher há 47 anos. Sempre valorizei os aspectos físicos, emocionais e culturais de cada paciente. E independentemente do nível social, das menos escolarizadas até as profissionais mais capacitadas e intelectualizadas. Tudo que se refere à sexualidade feminina é tabu e cercado de mitos. Temas como autoerotismo (masturbação), prazer sexual (orgasmo), ciclo menstrual, amamentação e menopausa, por exemplo, ainda geram uma série de dúvidas e questionamentos no âmbito social, mesmo nas civilizações mais avançadas.

Na década de 1980, iniciei um trabalho com o mestre, o Dr. Elsimar Coutinho, médico e cientista brasileiro que promoveu uma revolução na Medicina com a criação dos implantes hormonais há 50 anos. O implante é considerado um dos maiores marcos científicos na história da terapia hormonal e, atualmente, figura como uma via segura e eficaz para tratamento da endometriose, miomatose e uma série de patologias estrogênio-dependentes.

Nosso trabalho com implantes hormonais foi sempre uma batalha devido a preconceitos e tabus em relação a suspender a menstruação, um evento simbólico para as mulheres há milhares de anos. A partir do revisionismo histórico, é possível identificar que, na época da Mesopotâmia, as mulheres que menstruavam mais que quatro dias eram castigadas com a punição de 100 chibatadas e colocadas num quarto escuro.

Hoje, com os implantes hormonais, é possível realizar a supressão menstrual em situações em que a mulher passa a sofrer com os sintomas da menstruação e, consequentemente, interferências na sua rotina de compromissos sociais.

Outro aspecto diz respeito à reposição hormonal. Atualmente, com o avanço da Medicina, essas reposições são importantes para garantir a longevidade e qualidade de vida das mulheres.

Uma mulher com baixa vitalidade vai se movimentar menos, deixa de realizar exercícios e usa pouco sua cognição (intelecto). Atualmente, os implantes hormonais possibilitam a chance de ajudar a estabilizar pacientes com ciclos complicados por cólicas, por enxaquecas, períodos menstruais cheios de sintomas que atrapalham a rotina dessas mulheres, auxiliam nas reposição de hormônios em pacientes pós-menopausas, e contribuem no período do climatério entre 45 e 50 anos, possibilitando a passagem desse período de transição sem sintomas desconfortáveis.

Os implantes são colocados embaixo da pele e com doses e combinações individuais. A duração pode ser de seis meses a um ano.  Eles têm mecanismos anticoncepcionais nas mulheres jovens, bem como a possibilidade de repor hormônio em mulheres na fase da menopausa. Essa mágica de liberar um pouco por dia com duração foi apelidado de “chip da beleza”. Mas o chip da beleza não existe, os implantes devem ser prescritos e indicados por médicos habilitados, e não com finalidade estética.

Importante ressaltar que são dezenas de trabalhos científicos publicados a partir das décadas de 70 e 80 dando ênfase, respaldo e segurança para prescrever os implantes como método eficaz no tratamento de inúmeras patologias que atingem as mulheres.  Seu uso com indicação médica tem beneficiado centenas de pacientes em diferentes fases da vida – da adolescência até a idade mais avançada.

Vale lembrar que os exames preventivos são imprescindíveis e não devem ser nunca negligenciados nessas pacientes. Na busca pelo controle da saúde feminina, exames com o Papanicolau, a mamografia, o ultrassom de mama, ultrassom transvaginal, todos os níveis sanguíneos de colesterol, de açúcar, função renal, pancreática, todos esses exames devem ser monitorados anualmente. Assim é possível fazer a prevenção de doenças clínicas que, normalmente, possam ser identificadas.

A mulher não é dona do seu corpo, a natureza impõe seu poder como um relógio que não pode ser parado. A tecnologia avança, mas a natureza se impõe sempre independentemente de satélites de computadores e drones. Para a natureza nada importa além da reprodução e a espécie caminhando para o processo da civilização.

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*Dr. Malcolm Montgomery – Médico Ginecologista. Coordenador do Programa Comunitário em Saúde Sexual e Reprodutiva da mulher pela Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRASH). Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO. Foi consultor e supervisor do seriado “MULHER” da Rede Globo de Televisão. Autor de vários livros e publicações na área de ginecologia, obstetrícia, reprodução e sexualidade humana: “O NOVO PAI”, “DEZ AMORES”, “TOQUES GINECOLÓGICOS”, entre outros.

Por: Sheila Santos / Patwork

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